A polícia resolveu se calar de vez no que diz respeito às investigações do assassinato da garota Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, 9 anos, cujo corpo foi abandonado na Rodoferroviária, dentro de uma mala, há uma semana.
Depois de duas investidas que se revelaram infrutíferas no esclarecimento do caso, delegados e investigadores, acatando determinação da Secretaria da Segurança Pública, se recusam a fazer qualquer comentário.
Ontem, uma reunião foi convocada às pressas na Delegacia de Homicídios e contou com a participação de delegados de outras unidades, como o do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Divisão de Narcóticos, Sicride e Nucria.
O teor das conversas ou a linha investigatória que será seguida pela “força-tarefa”, não foram revelados. De acordo com os policiais, somente a Secretaria da Segurança Pública dará informações sobre o brutal episódio. E a secretaria, por sua vez, assegura que só vai se manifestar depois que tiver o resultado dos exames de DNA feitos com material colhido de dois suspeitos.
Suspeitos
Na semana passada, um motorista de ônibus, da empresa Cidade Sorriso, que se parecia com o primeiro retrato falado do suspeito, apresentou-se às autoridades e aceitou fazer coleta de material para exame de DNA, a ser comparado com o DNA do esperma recolhido no corpo de Rachel. Ele foi liberado em seguida e ninguém acredita que tenha alguma relação com o crime.
Depois surgiu o nome de Jorge Luiz Pedroso Cunha, 52 anos, ex-presidiário - cumpriu 18 anos de reclusão por ter abusado e matado um menino, na Vila Oficinas, em 1986 -, como o principal suspeito.
Ele foi preso na manhã de domingo, em um albergue em Itajaí (SC), e apresentou álibis indicando que não saiu do município no dia do crime. Como também é acusado de violência sexual contra um garotinho de 4 anos, ocorrida ano passado no litoral do Paraná, e está com prisão preventiva decretada, foi trazido para Curitiba.
Jorge também deverá fornecer material para exame de DNA, procedimento obrigatório na tentativa de incriminar alguém ou excluir em definitivo um suspeito. Poucos policiais acreditam que o resultado seja positivo e portanto já partem para outras diligências.
Retrato
O retrato falado do suspeito, feito logo após o encontro do cadáver, por um jovem que lembra ter vendido para um homem uma mala igual a usada para esconder o corpo de Rachel, naquela mesma terça-feira, continua sendo a pista mais consistente que a polícia dipõe.
Porém, o homem descrito tem o padrão normal do brasileiro (bronzeado, cabelo escuro, olhos claros, baixo -1,68m -, um pouco acima do peso - aproximadamente 70 quilos -, cerca de 50 anos), e muitos suspeitos podem ainda ser apontados. O desconhecido vestia, na ocasião, jaquela marron de napa, camisa branca, calça jeans e sapatos.
Lençóis e sacola
Outras duas peças importantes para a investigação são os dois lençóis na cor verde (lençol e sobrelençol) usado pelo criminoso para enrolar o corpo da vítima e uma sacola plástica, amarela, com a logomarca da loja de confeções Star Loose, que tem matriz no Xaxim e filiais em outros bairros.
Com a sacola o assassino cobriu a cabeça de Rachel, antes de colocar o corpo na mala. De acordo com os proprietários da loja, há mais de dois anos que esta sacola deixou de ser usada para entregar as mercadorias aos clientes (as atuais são brancas). Isso indica que o criminoso tinha a sacola em sua casa há muito tempo.
Quanto aos lençóis, especula-se que seriam de um hotel do centro, mas há quem aposte que o assassino levou Rachel para sua própria casa e permaneceu com a menina por 24 horas, até abandonar o corpo. Duas fronhas verdes, sem os respectivos lençóis, podem se transformar numa pista incriminadora.
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